domingo, 27 de julho de 2014

Capítulo III - Começo do século XIX até 1925 - parte 2

            A ênfase na silhueta de todo o século XIX foi na cintura fina e curvas; o corset mais duro do final do século exagerou-a mais ainda até que a anatomia feminina se tornou seriamente distorcida e a saúde da mulher afetada. Em 1900 Madame Gaches-Sarraute, de Paris, uma corsetière que havia estudado medicina, projetou um novo corset para corrigir isso. Sua característica principal era o plano busk frontal, que começando mais baixo na linha do busto continuava descendo sobre o abdome sem curvas na cintura, e no ponto do busk, ligas, agora presas ao corset, mantinha a linha esticada e ininterrupta até os joelhos; ele apoiava o abdome e mantinha o tórax livre.
Esse corset foi aclamado com alegria e imediatamente adotado pelas mulheres da moda. Logo, no entanto, exageros novamente surgiram, devido principalmente ao desejo de obter a cintura fina, e isso resultou na famosa curva S – o busto ondulava para fora ao longo da frente baixa, e o excesso abdominal supérfluo, pressionado planamente pelo duro busk da frente moveu para fora nos lados no quadril e na traseira. Esse corset era um milagre de corte e montagem; nunca antes ou então havia sido tão complicado. Era construído por numerosas partes curvas – tantas quanto dez ou quinze de cada lado, mais reforços – todas habilmente juntas e atravessadas por uma quantidade de desossas e metal de várias medidas de espessura e tamanho.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Capítulo III - Começo do século XIX até 1925 - parte 1

            No começo do século XIX a figura grega – figura natural (seios altos e arredondados, com membros longos e roliços) – era o ideal que toda mulher esperava alcançar. Seus suaves, leves vestidos de musselina colavam ao seu corpo e mostrava todo o contorno, então todas as roupas de baixo que poderiam alterar a silhueta foram descartadas – entre eles o corpo desossado. Na França, a ordem social havia sido completamente alterada, com a consequente perda da moral e da conduta, a moda estava sendo mais seguida do que na Inglaterra. Havia, no entanto, tantas referências nos escritos da época da Inglaterra e França, ambos para o uso e o desuso dos corpos, que pode ser presumido que ambos os estilos eram mantidos, e as jovens moças, ou as mulheres com um belo corpo, descartaram realmente seus corpos, mas as menos afortunadas criaturas tinham que recorrer a um subterfúgio na intenção de usar vestes mais simples e manter sua carne muito abundante dentro do limite da moda.
            Muitos dos simples vestidos de musselina dos anos de 1800 são montados em um forro de algodão com dois lados da peça separados que cruzam e prendem na frente, abaixo e sustentando os seios, e agindo como um tipo de soutien e era então a única forma de corpo usado. Mas em muitos casos isso não era suficiente; na Inglaterra os corpos desossados do passado século XVIII continuaram a ser usados, algumas vezes para se adequar ao modelo vigente eles desceram sobre os quadris, onde antes as abas eram colocadas para reforço. Para uma afinada maior, essa peça de vestuário era reforçada com preenchimento, para as robustas era pesadamente desossada. Como esse tipo de corset longo era apenas ilustrado em caricaturas do período isso provavelmente não fazia parte da moda, mas era usado para controlar as figuras fora de forma.
            Vários outros experimentos parecem ter sido usados para dar a verdadeira forma grega, entre eles um longo corset tricotado de seda ou algodão. Foi tão significante que o antigo nome corpo praticamente desapareceu, e a partir de então qualquer peça de roupa apertada é conhecida como corset, uma moda que foi copiada na Inglaterra embora a antiga forma “corpo” era também usada.
            Na França e Inglaterra as revistas femininas que circularam por cerca de 1809-1810 estavam em protesto contra o retorno do corset: um corpo longo, saia cheia, e linha da cintura mais enfatizada no vestido havia sido trazida de volta às graças.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Alguns designs para se inspirar - Dita Von Teese


       Uma das principais personalidades no ramo do vintage, do burlesco e do corset trainning, Dita Von Teese tem um imenso closet de corsets, dos mais variados e famosos corsetmakers. Como se trata de peça indispensável em suas apresentações, é impressionante a sua variedade. São tantos designs, cores, materiais diferentes, cada um mais bonito que o outro. São uma boa fonte de inspiração para quem deseja fazer o seu. Ficam mais fotos.






terça-feira, 15 de julho de 2014

Molde corset suíço de montaria - 1890


          Esse corset é feito com uma camada de jacquard de seda florido. Tem uma abertura frontal com um fecho busk e amarração nas costas, sustentado cada lado com duas desossas. Duas desossas no centro das costas são de metal plana e extraordinariamente os ilhoses foram colocados muito próximos à borda da peça, o que significa que se forem colocados sob muita pressão correm o risco de soltar ou rasgar.

domingo, 13 de julho de 2014

Algumas imagens de réplicas e molde de casaco

            Infelizmente as roupas são itens cuja durabilidade, embora fosse maior em épocas passadas, não é tamanha que possa resistir a muitos séculos, principalmente se for usada. Além do desgaste natural do uso, o tempo enfraquece a fibra, há a atuação de agentes externos, sem falar que a reviravolta na moda faz com que as roupas antigas sejam consideradas brega e com isso dispensadas. 

      Por isso não há um expressivo número de exemplares originais das peças utilizadas há alguns séculos, na verdade são bastante raros e boa parte se encontra bastante deteriorada. No entanto, com base em arquivos da época, algumas peças que resistiram ao tempo e até mesmo em ilustrações e retratos antigos há pessoas que se empenham em fazer réplicas dessas vestes, primando pelo maior realismo e correspondência com a moda da época possível. Fazem verdadeiras obas de arte, que encantam pela beleza e detalhamento.

      Seguem algumas imagens:

Réplica de vestimenta do século XVII, com parte da frente mais comprida e para fora da saia enquanto a parte de trás fica para dentro, com casaco combinando.
Detalhe para os bordados até nos botões. 

sábado, 12 de julho de 2014

Beleza Natural?


        Não há dúvida que mulher é um ser vaidoso. Sempre foi, independentemente do país ou da época que viveu. Constantemente tentando ficar mais bonita, mais atraente, incessantemente buscou um "ideal de beleza" comum de seu tempo.

       Quem, mesmo sendo mulher, nunca suspirou pelas divas hollywoodianas de antigamente, com seus belos rostos, cabelos elegante e impecavelmente ondulados, principalmente seus belos corpos "violão", em justos vestidos longos? E, principalmente, quem nunca ouviu ou falou sobre a diferença da beleza natural, sem plásticas ou musculação desta época?

         Claro que muitas foram agraciadas pela genética com corpos esculturais, outras tiveram uma mãozinha de técnicas do tight lacing para alcançar o corpo desejado. Há algumas que se houve falar que fizeram o uso deste artifício:

Marylin Monroe

Sophia Loren
Inclusive, olha o corpo dela aos 79 anos!!!

Elizabeth Taylor
         Quem disse que beleza natural não pode ter uma forcinha? Muitas vezes uma pequena ajuda pode torna-la ainda melhor, claro que sem exagero e sem deixa de ser natural. Embora o tight lacing seja uma forma de modificação corporal artificial, não deixa de ser "natural", já que é lento, gradual, o próprio organismo que se organiza naturalmente para se adequar à forma desejado, não sou especialista, mas para mim é muito menos agressivo que uma intervenção cirúrgica.

          A verdade é que a beleza dessa época me impressiona, esse padrão mais curvilíneo e feminino, sem lipo, sem perna de cavalo, tanta musculação que perde a cintura e fica com corpo de homem, silicone parecendo um  balão, sem falar todo esse botox, preenchimento e megahair. Tem gente que quando morrer não vai para o cemitério, vai para a reciclagem! 

          Por isso eu digo: viva a beleza natural!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Tight Lacing

         Como é evidente o corset atua por meio de compressão, por meio do tight lacing ele molda a silhueta tanto pelo deslocamento da gordura corporal como também pela relocação da costela flutuante e de órgãos. Lendo essa descrição é meio assustador e bizarro (e por isso exige consciência, conhecimento, materiais adequados e acompanhamento profissional para isso), mas não se pode negar que o resultado é bem impressionante!

       Mas como fica o corpo da pessoa que séria e responsavelmente pratica tight lacing (tirando aqueles casos bizarros em que as pessoas se estrangulam até quase partir ao meio em busca do recorde de cintura mais fina do mundo, o que absolutamente não tem como ser saudável)? Vou ilustrar com a foto da musa Dita Von Teese (que pra mim tem o corpo mais bonito que já vi). 


          Foi tirada momentos após a remoção do corset, ainda dando pra ver as marcas de compressão na pele. Mas fala a verdade, não fica uma silhueta feminina, delicada, bem no estilo princesa da Disney?

Ilustrações das Vestimentas

         O livro Corsets and Crinolines faz uma detalhada descrição quanto às vestimentas usadas juntamente com o corset em diferentes épocas e, embora traga moldes em escala de corsets clássicos de cada período e algumas ilustrações de peças separadas, não possui ilustrações das vestimentas completas, portanto ficamos apenas com a imaginação ou com uma busca no Sr. Google para encontrar pinturas da época.

          Outro dia encontrei essas ilustrações no Printerest nas páginas de vários seguidores, mas não consegui identificar a fonte. Parece ser um livro bastante detalhado, provavelmente direcionados para quem faz réplicas. No entanto, não deixa de ser interessante.




quinta-feira, 10 de julho de 2014

Capítulo II - 1670 até o final do Século XVIII

1 - Os Corpos

       O que geralmente é mencionado como corsets do século XVIII são os corpos que têm sua origem nas formas estruturadas da metade do século XVII. Essa forma atingiu a cintura cerca de 1650 e continuou a descer. Isso foi alcançado através de um alongamento das partes do centro da frente e das costas; os lados, também, estendidos para baixo sobre os quadris, onde eles eram abertos até a linha da cintura e então criadas abas que se estendiam para fora para permitir o arredondamento dos quadris; a barbatana de baleia contendo as abas o que impedia de atravessar o corpo na cintura. O corpo agora tinha adquirido costuras na parte da frente que partiram da cava, na diagonal quase até o ponto do busk, e atrás da cava quase até o centro das costas na linha da cintura; a barbatana de baleia era inserida diretamente abaixo do braço, mas espalhada para seguir as costuras do lado da frente e do lado de trás. Este arranjo deu uma forma mais arredondada e consequentemente uma aparência mais esbelta ao corpo, que desde o largo decote oval parecia um formato cônico para baixo. A costura do centro da frente era geralmente curvada e o busk seguia essa forma. A base do corpo era feita de duas camadas de tecido de linho pesado, ou lona, geralmente estruturado com cola ou grude, as barbatanas inseridas entre eram mantidas na posição por canaletas costuradas. Geralmente amarrado no centro das costas, mas algumas vezes na frente. Ou era totalmente desossado ou meio desossado. O material de cobertura era em seguida esticado  sobre essa base, a costura não necessariamente correspondente; mangas eram adicionadas. Esse corpo era usado, pelas elegantes, com o longo centro da frente para fora da saia do vestido, mas com as laterais e abas das costas para dentro; estas eram algumas vezes munidas de pequenos ganchos para que as saias pudessem ser presas de forma a permanecerem no lugar.


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Meu Corset Gore

                  Há pouco tempo fiz meu corset overbust com o molde do Corset Gore. Esse foi o resultado:


como é fechado na frente o laço fica grande porque precisa de muito fio para entrar confortavelmente


com o laço escondido

domingo, 6 de julho de 2014

Minha experiência com estruturação com fibra

Peça vintage estruturada com fibra que serviu de vaga inspiração, infelizmente não é a minha peça, mas quem sabe um dia chego lá, rs.
       Como eu disse neste post uma forma mais antiga e natural de estruturar o corset é por meio de fibras. Primeiramente costuram-se as canaletas na área a ser estruturada e em seguida a fibra é inserida, costurando-se as pontas para fixá-la.

      Usando esta técnica como inspiração resolvi me arriscar. Ao invés de utilizar entretela para deixar a peça mais resistente, em algumas áreas utilizei a fibra. Como não tinha outras fibras à mão acabei utilizando barbante de algodão mesmo. 

       A primeira coisa que notei foi que, caramba, dá trabalho! Para ficar bonito as canaletas têm que ficar uniformes e devem corresponder à largura da fibra, mas sem ficar tão grossa nem tão fina. Além disso tem que passar a fibra por cada espacinho. Portanto não é algo a ser feito quando se tem pressa ou mesmo quando falta paciência para isso.

Corsets Franceses - Filme "La Belle et la Bete"

       Sempre gostei de filmes baseados em contos de fadas, principalmente os mais fiéis aos contos e menos romanceados (embora também goste dos filmes da Disney sobre o tema). No entanto minha história favorita sempre foi a da Bela e a Fera.

       A versão francesa retrata a história de uma forma inovadora, mas não abandona o lado sombrio e mágico, além disso a fotografia e o guarda-roupa são de tirar o fôlego. São tantos detalhes tanto nas paisagens quanto nas roupas dos personagens que encanta.

       A Bela usa vestidos lindos, grandes e muito detalhados, todos com corsets encantadores.