terça-feira, 24 de junho de 2014

Livro Corsets and Crinolines

         Esse livro é muito famoso e muito interessante. Não é muito fácil de achar na internet e tem apenas sua versão em inglês. Aos poucos vou traduzindo e disponibilizando algumas partes para quem se interessar. Segue o prefácio:

        "Um dos aspectos mais interessantes da história das vestimentas da Europa Ocidental é a constante evolução da silhueta. A mudança na silhueta não é um mero capricho por parte do usuário, mas pode ser determinada por várias origens, a mais importante talvez seja que as roupas de qualquer período pertenceram e formaram parte de um conjunto maior de um antecedente arquitetônico e econômico contra os quais estavam desgastados; eles deviam também adaptar a si mesmos à textura e tipos de materiais produzidos na época; e, claro, há sempre o elemento humano - a primitiva lei da atração sexual.
         Ambas as roupas masculinas e femininas refletiram a mudança na linha de demanda por cada novo período, mas por causa da tendência do homem a uma vida mais ativa não há exagero da forma já desenvolvida, que limitaria seus movimentos. Enchimento sempre foi muito usado, e nos anos recentes tem servido a uma dupla função - enfatizar um estilo mas também proteger o corpo; o exagero nas roupas masculinas tem sido comumente limitada a apenas acessórios, detalhe que pode ser simplificado ou descartado por completo no momento da ação. Mulheres, por outro lado, estavam capazes de desconsiderar essas restrições e quando uma forma se tornou exagerada ela desenvolveu isso ao limite máximo, e sem hesitação se comprimiu em barbatanas em baleias, madeira e ferro para alcançar a silhueta desejada, e então depois para sintonizar a si mesma a um mundo em mudança, da mesma forma descartou todos esses adereços artificiais. 
            Esta ênfase excessiva na forma deu um ritmo básico para as roupas femininas e se tornou quase uma lei não escrita do design. Uma longa e esguia silhueta aos poucos começou a ampliar a base, ênfase mudou de comprimento para caimento, e quando a melhor forma possível é alcançada, houve um colapso, uma quebra, e um retorno à longa e esbelta forma. Durante os últimos quatrocentos anos têm havido três ciclos; cada momento a camisa artificialmente ampliada teve que ser equilibrada por um pequeno corpo artificialmente moldado, cada momento a silhueta era diferente, e cada momento os nomes mudaram também; primeiro, o corpo barbatana de baleia e a saia armada com aro, depois os espartilhos e os saiotes arqueadas, terceiro, os corsets e as anáguas.
             É impossível apreciar o design das roupas do passado, e certamente bastante impossível reproduzi-las precisamente sem entender as formas da fundação artificial dessas peças de roupas. Infelizmente, quando seu reinado termina elas se tornam objeto do ridículo e são jogadas fora; sendo que meras representações pictográficas das roupas íntimas raras, embora mais felizmente talvez, não são poucos os escritores contemporâneos as tem escarnecido e denunciado.
              Esse livro é um estudo dessas formas e como elas eram produzidas. Desenhos estruturais e moldes são trazidos, como palavras e imagens não são suficientes para transmitir uma forma tridimensional. Eles são todas retiradas de espécimes reais e são selecionadas para mostrar a evolução das principais formas - que eram, é claro, muito variadas, mas a silhueta da moda de muitos períodos está razoavelmente representada, e mudanças muito mais lentas do que detalhes dos próprios vestidos. 
             É interessante especular se as presentes condições econômicas e a vida muito ativa conduzidas por uma mulher moderna irão romper com essa antiga lei não escrita de ritmo. A anágua entrou em colapso e lentamente desapareceu, o corset aos poucos perdeu a forma, até finalmente as linhas retas dos anos 1920 serem atingidas. Desde então, de novo muito lentamente, cinturas vêm ficando menores e saias mais cheias, barbatanas de baleia e aço vêm aparecendo de novo - e agora, o que vem depois?"
Norah Waugh
Londres
Primavera de 1954.

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