quarta-feira, 23 de julho de 2014

Capítulo III - Começo do século XIX até 1925 - parte 1

            No começo do século XIX a figura grega – figura natural (seios altos e arredondados, com membros longos e roliços) – era o ideal que toda mulher esperava alcançar. Seus suaves, leves vestidos de musselina colavam ao seu corpo e mostrava todo o contorno, então todas as roupas de baixo que poderiam alterar a silhueta foram descartadas – entre eles o corpo desossado. Na França, a ordem social havia sido completamente alterada, com a consequente perda da moral e da conduta, a moda estava sendo mais seguida do que na Inglaterra. Havia, no entanto, tantas referências nos escritos da época da Inglaterra e França, ambos para o uso e o desuso dos corpos, que pode ser presumido que ambos os estilos eram mantidos, e as jovens moças, ou as mulheres com um belo corpo, descartaram realmente seus corpos, mas as menos afortunadas criaturas tinham que recorrer a um subterfúgio na intenção de usar vestes mais simples e manter sua carne muito abundante dentro do limite da moda.
            Muitos dos simples vestidos de musselina dos anos de 1800 são montados em um forro de algodão com dois lados da peça separados que cruzam e prendem na frente, abaixo e sustentando os seios, e agindo como um tipo de soutien e era então a única forma de corpo usado. Mas em muitos casos isso não era suficiente; na Inglaterra os corpos desossados do passado século XVIII continuaram a ser usados, algumas vezes para se adequar ao modelo vigente eles desceram sobre os quadris, onde antes as abas eram colocadas para reforço. Para uma afinada maior, essa peça de vestuário era reforçada com preenchimento, para as robustas era pesadamente desossada. Como esse tipo de corset longo era apenas ilustrado em caricaturas do período isso provavelmente não fazia parte da moda, mas era usado para controlar as figuras fora de forma.
            Vários outros experimentos parecem ter sido usados para dar a verdadeira forma grega, entre eles um longo corset tricotado de seda ou algodão. Foi tão significante que o antigo nome corpo praticamente desapareceu, e a partir de então qualquer peça de roupa apertada é conhecida como corset, uma moda que foi copiada na Inglaterra embora a antiga forma “corpo” era também usada.
            Na França e Inglaterra as revistas femininas que circularam por cerca de 1809-1810 estavam em protesto contra o retorno do corset: um corpo longo, saia cheia, e linha da cintura mais enfatizada no vestido havia sido trazida de volta às graças.

            Um novo tipo de corset começou a tomar forma, completamente diferente de seu predecessor: o corpo desossado; agora a ênfase não era no rígido, reto corpo mas nas linhas curvas fluidas a partir da cintura menor. Novamente começou de um simples corpete feito com material de algodão pesado; enquanto a cintura continuava alta, duas partes para a frente e duas para as costas eram suficientes, o centro da frente unido às vezes e as costas como regra moldadas; o busto foi arredondado pela inserção de deis ou mais reforços em cada lado da frente no topo do corset, e um ou mais reforços de cada lado da base para acomodar os quadris. À medida em que a cintura gradualmente se alongou e se tornou mais definida partes extras foram adicionadas ou, em cerca de 1835, uma parte em forma de curva nos quadris. Inicialmente, enquanto os vestidos continuavam esguios, este corpete continuava longo por sobre os quadris, mas diminuiu de tamanho com a inclusão da saia acompanhada de enchimento, e na metade do século foi muito curto, na verdade. Um largo busk foi inserido no centro da frente, e uma fina barbatana de baleia no centro das costas; para figuras mais pesadas uma desossa extra nas costas podia ser incluída. Geralmente amarrada no centro das costas e, até os anos 40, havia alças. Sabe-se que havia um número de costureiras especialistas em corset da moda – corsetières – eles eram geralmente feitos em casa, e moldes e instruções de confecção eram possíveis de ser encontrados nas revistas femininas por volta de 1860. Esses corsets seguiam a silhueta da moda, o corpo até a cintura era mais comprido até os anos 40 e começou a encurtar nos anos 50 e 60 daquele século.

            Com o desenvolvimento da indústria no século XIX muitas invenções apareceram para ajudar os corsetières, tais como: ilhoses de metal em 1828; primeiro busk de metal feito em 1829; e várias ideias de amarração e desamarração. Em 1820 um francês, Jean Werly, tirou um padrão de corset tecido; eram feitos em um tear os reforços de moldagem a ser incorporados no processo de tecelagem. Esses corsets, geralmente de algodão branco e muito levemente desossado, eram fáceis de usar e consequentemente muito populares; continuaram a ser usados até 1889.
            No final de 1840, na França, onde os corsets mais leves eram preferidos, um novo corte foi introduzido – um corset sem reforço, feito de sete a treze peças separadas, cada um sendo moldada na cintura. Em 1860, quando a anágua estava em seu auge e o papel principal do corset era reduzir a cintura, esse tipo de corset, excessivamente curto, era muito popular, embora mais usado no continente do que na Inglaterra. Corpos da metade do século XIX eram levemente desossados mas acolchoados com fibras e algumas vezes pespontados; à medida em que foram usados sobre as anáguas o busk central e as desossas das costas eram muito mais curvas na cintura. Corsets brancos eram considerados mais femininos, embora cinza, bege, vermelho e preto eram encontrados mais barato; eles eram geralmente feitos de algodão e sempre forrado em branco.
            Quando no início de 1870 a anágua foi descartada em favor da combinação, e o vestido começou a moldar a figura na frente e em volta dos quadris, o corset realmente obteve a sua independência; não era mais possível fazer o artigo em casa e o corset industrial teve um tremendo impulso. Era também a partir desta data que as revistas femininas começaram a dar mais detalhes e ilustrações de várias partes do vestido e advertências para corsets, até então raras, começaram a se tornar frequentes. A partir de então será vista grande variedade de tipos de corset que agora começam a surgir, todos projetados para acompanhar as exigências da nova linha de vestidos, o corpo que envolvia os quadris, essa nova “couraça” demando um corset que na verdade se tornou verdadeiramente uma blindagem. Muitas são as invenções e contribuições alegadas, a maior dificuldade estava em impedir o corset de subir e enrugar, e a desossa de quebrar na cintura, que era frequente devido à curva exagerada dos seios e quadris até a incrivelmente fina cintura. Vários métodos de desossa foram testados, o uso aço foi incluído, barbatanas de baleia estavam em grande demanda porque se tornou escassa e muito cara, e vários substitutos, como o junco, tiveram que ser usados.


           Os dois estilos remanescentes de corte de corset continuaram – ambos com reforços e arcos, ou em partes moldadas separadamente. No final dos anos sessenta o processo de moldagem a vapor foi introduzida – o corset quando acabado era abundantemente engomado e seco na forma de metal. Em 1873 um busk moldado – estrito em cima, curvando na cintura, e alargando em um formato de pera na base, o busk em colher – apareceu e foi visto na moda até 1889.

Essa moldagem em vapor e busk em colher, bem como mais desossa e mais estruturação com fibra, tornaram o corset mais pesado e restringindo o vestuário. Um modelo do início do século XIX tinha 20 peças moldadas e 16 desossas de cada lado, assim como o busk colher. Embora usualmente com o busk facilitador na frente, esse período ocasionalmente tinha amarração apenas, ou no centro da frente ou no centro das costas, de modo a preservar uma linha ininterrupta embaixo do suavemente apertado corpete do vestido. O corset era usado sob camisas, que eram preparadas em uma faixa modelada de modo a evitar qualquer volume desnecessário na cintura; algumas vezes ele era preso a uma faixa fixa à barra do corset. Ligas só apareceram no final do século XIX, mas até o final do século eram montados em uma faixa separada presa envolta da cintura; embora resolvessem o problema de manter as meias no lugar eles criaram um novo, como as camisas tinham que ser usadas agora sobre o corset e ligas e isso geralmente interferia na linha do vestido. O corset tinha agora se tornado um artigo muito elegante no guarda-roupa feminino e muito cuidado foi dispensado ao seu design e execução. Há espécimes muito adoráveis do século XIX em cetim preto costurado com amarelo, azul, rosa ou verde, e desossas sendo seguradas no lugar por uma variedade de pontos de bordado com flores alaranjadas. Modelos fora de moda, geralmente em cinza ou bege estruturados com fibras ao invés de desossa, continuaram a ser fabricados para o comércio barato, hospitais, instituições de caridade etc.


            No final de 1880 a silhueta começou a mudar, tornou-se mais dura e menos arredondada e o corpo mais longo – o que era conhecida como linha Luís XV. Carreiras de fibras ou pequenas tiras cruzadas de desossa, colocadas no alto do corset, moldavam o contorno do busto. O aço do centro da frente se tornou fino de novo e, embora continuação curvo sobre o abdome, perdeu a queda côncava até a cintura. Era cortado com o mesmo princípio mas mais uso foi feito de inserções elásticas. O valor do elástico na corseteria há muito havia sido apreciada, mas a qualidade continuava pobre e como material de corset não apareceu de forma muito relevante até 1920. Os melhores corsets eram de seda colorida, cetim ou brocado de seda, os mais baratos eram geralmente algodão cinza, bege ou preto – eles eram sempre forrados. O melhor desenvolvimento do comércio do corset começou a ter resultados, o desenvolvimento do materiais e acabamento significaram que a corseteria poderia agora produzir uma peça elegante que “coubesse como uma luva” garantida para moldar e alterar as mais difíceis figuras. Este triunfo arquivado, não é surpresa que as costureiras de vestidos aproveitaram e lançaram uma nova linha inteira; saias começaram a se ajustar à figura toda, e os quadris e a traseira emergiram de suas roupagens de séculos passados para se tornar o centro de interesse nas roupas por um longo período a vir.

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